Se existe uma obra que pode ilustrar bem o imaginário europeu do final da idade média, esta é o “Jardim das Delícias Terrenas”, de Hieronymus Bosch. Pintada na forma de um tríptico no período de 1480-1490, a obra ainda continua a fascinar os pesquisadores por seus inúmeros mistérios escondidos. Enigmas que Bosch, como nenhum outro mestre, sabia diluir tão bem junto com a tinta.
O estudo da obra costuma ser dividido em: “Criação do Mundo”, “Paraíso Terrestre”, “O Jardim das Delícias” e o “Inferno Musical”. Respectivamente: parte externa, painel esquerdo, painel central e painel direito. Falaremos hoje sobre o painel direito, ou "O Inferno Musical".
O Inferno Musical
Nesta última parte do tríptico, Bosch nos
mostra o final trágico que estaria reservado às almas que se corrompem por conta pecados carnais e outras faltas capitais. Aqui, o pintor flamengo exibe
todo o poder de sua grotesca imaginação, representando desde enormes
instrumentos musicais como instrumentos de tortura, até criaturas horrendas e flagelações inenarráveis. No
primeiro plano, vemos um grupo de demônios atacando pecadores das mais variadas
formas; um deles ergue um tabuleiro de gamão e está prestes a acertá-lo na
cabeça de um miserável, que levanta os braços em espanto. Atrás do tumulto, um
demônio ergue um coração fresco na ponta da espada, em comemoração, enquanto um
outro demônio, com rosto de rato, trespassa sua espada em outra vítima. Perto
dali, uma criatura com cabeça de coelho levanta pelos pés uma pessoa, enquanto,
o que parecem ser dois cães devoram outra pessoa no chão. Já na parte direita,
uma grotesca criatura com cabeça de pássaro, e com um caldeirão na cabeça, está
sentada em um alto trono. Ela está devorando uma pessoa por inteiro e ao mesmo
tempo defeca suas outras vítimas em um poço. Neste poço, outros pecadores
regurgitam e um deles defeca moedas.
“Há
por vezes, em representações do inferno na idade média, uma clara relação entre
os castigos infligidos aos pecadores e os pecados cometidos por eles em vida”.
(QUÍRICO, T , A Iconografia do Inferno na Tradição Artística Medieval, 2006, pág.
11). Assim, os pecadores que estão sendo devorados pela enorme criatura,
provavelmente abusaram do pecado da gula, e o que defeca moedas, certamente
pode ter sido um avarento.
Logo acima, gigantescos instrumentos
musicais são utilizados por demônios como instrumentos de tortura física. Na
simbologia criada por Bosch, estes objetos estão ligados sempre à luxúria, ao
amor e ao erotismo. No tumulto, vemos um condenado trespassado pelas cordas de
uma harpa enquanto outro parece ter sito esmagado por um enorme bandolim. Ainda
é possível ver, mais à direita, um homem erguendo uma gigantesca flauta, ao
mesmo tempo em que tem seu ânus perfurado por outra, menor. A sinfonia dos
instrumentos musicais parece unir-se aos gritos e lamentações dos condenados, compondo
uma melodia de angústia e dor.
No centro, uma estrutura pálida ergue-se
estranhamente sobre dois pequenos barcos. Ali, uma enorme cabeça, quase certo
tratar-se de um auto-retrato, nos olha fixamente enquanto demônios, pecadores e
bruxas parecem dançar ao redor de uma grotesca gaita de fole rosada (símbolo do
feminino), na plataforma sob a cabeça.
Ao longe, vemos mais e mais pecadores em
flagelação. Nosso olhar se perde em meio a multidão que corre desesperada para
todos os lados. Instrumentos de tortura, equipamentos de guerra, sangue,
fogo... De repente nos damos conta que há uma cidade inteira ardendo no meio das
trevas e das chamas. Uma cidade inteira de pecadores que perderam sua inocência primordial.
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